Em tarde de outono, conheci,
em Curitiba, Helena Kolody.
Apesar da idade, eram
seus lábios primavera.
Falamos de lugares,
de estações e livros.
Ela própria se abraçava com alguns
desses entes de papel,
tal se crianças fossem eles.
Ali estávamos pela arte
do poema – ela, Helena,
com sua arca de palavras;
eu, com a poesia do abc.
Deixou-me, antes
que se fosse o dia.
Nos passos firmes, calculei
que algo grave e leve
havia nela; talvez, por nascer,
a pressa de uma flor.